instituto tiê e o caminho da sustentabilidade autêntica

É com grande prazer e entusiasmo que costumo contar para as pessoas sobre o trabalho da 4D e explicar como funciona nossa metodologia. Só que eu sei que por mais que eu me esforce, não existe jeito melhor de demonstrar do que a prática. Por isso, é também com grande prazer que neste post eu conto um pouco sobre como foi o workshop realizado em meados de agosto com a equipe do Instituto Tiê. A satisfação aqui não é só pelas ações e próximos passos definidos, ajudando a conduzir a empresa para um novo patamar em diversos aspectos – gestão, governança, estratégia de sustentabilidade e impacto -, mas também pela oportunidade de contribuir com a evolução de um trabalho que já acompanho e admiro há algum tempo. Na sequência, conto um pouco mais sobre a organização, o que descobrimos a partir do mapeamento dos impactos atuais e as ações definidas. Vamos nessa?

Instituto Tiê: o quê, quem e por quê?

instituto tiê

Antes de qualquer coisa, o contexto, ou seja, quem é a empresa, porque ela existe e porque a decisão de buscar uma ferramenta ou metodologia para começar (ou acelerar, como explico mais abaixo) um processo de transformação em direção a um modelo de negócio com foco no impacto positivo e na sustentabilidade.

Bem, primeiras coisas primeiro. O Instituto Tiê foi fundado em 2012 pela Carolina Nalon, cuja figura e história estão intimamente ligadas às da empresa. Entusiasta da empatia, da comunicação autêntica e do poder da não-violência para promover transformação social, Carol fundou o Instituto que tem como principal missão ajudar as pessoas a conviver. “Aprender a Conviver”, aliás, é um dos pilares da educação segundo a Unesco. Hoje, essa missão baseia-se em em duas frentes principais:

O conceito de impacto positivo não é novo para a Carolina Nalon e o Instituto Tiê. Ele é, na verdade, consequência direta do próprio trabalho e dos serviços oferecidos pela empresa. Quem conhece a Carol, sabe que, neste caso, propósito não é só uma palavra da moda. De fato, o que ela, e por consequência, a empresa fazem, é por um desejo autêntico em contribuir para uma sociedade mais pacífica, amorosa e colaborativa. O mesmo vale para a iniciativa de ir além em sua estratégia de sustentabilidade tendo a 4D Sustainability Canvas como guia.

Vantagem competitiva? Ganhos financeiros? Tudo isso pode estar por trás da motivação de muitas empresas para que iniciem um processo de transformação como esse. Não é o caso aqui.

As partes interessadas na cadeia de valor do Instituto Tiê

Diferente de uma indústria que, principalmente por conta dos seus processos produtivos e de distribuição, possuem cadeias de valor extensas, são poucas e facilmente identificáveis as partes interessadas impactadas diretamente pela empresa: fornecedores, parceiros, clientes e colaboradoras.

Quanto ao último item, apenas uma pessoa, além da fundadora, trabalha de modo fixo para companhia. Além delas, duas facilitadoras são contratadas com certa regularidade, de acordo com a demanda, assim como outros parceiros, mais eventualmente.

A seguir, vamos explorar como essas partes são afetadas a partir do mapeamento feito com a aplicação do 4D Sustainability Canvas, olhando mais profundamente para cada uma delas dentro das 4 dimensões que propõe a metodologia.

Comunidade

É na oferta de cursos e treinamentos para empresas que está o maior potencial de impacto social positivo, não só pelo próprio conteúdo em si, que tem valor inegável, mas principalmente pelas iniciativas já existentes para democratizar e facilitar o acesso a esse conhecimento, principalmente com a oferta de bolsas sociais para o curso CCA.

Hoje, no caso específico deste curso, 20% das pessoas que participam são bolsistas (entre bolsas integrais e parciais). A seleção é feita por meio do preenchimento de um formulário online e, apesar dos critérios não estarem totalmente formalizados, o foco é em mulheres, negras e que façam parte de um negócio social. A ampliação dessa iniciativa é o próximo passo, de modo que já em 2021 esse montante seja de 30%.

Outras iniciativas como os grupos de discussão e outras ofertas que estão sendo desenvolvidas também farão parte dos programas de bolsa. Outra ação já definida é a oferta de cursos gratuitos para organizações com foco em impacto social.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável impactados

Essas iniciativas estão associadas ao ODS de número 10, “Redução das Desigualdades”, principalmente em relação à meta 10.2, “Até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra”, e também ao ODS de número 05, “Igualdade de Gênero”, já que grande parte das pessoas que recebem as bolsas são mulheres.

Colaboradores

É fácil perceber o quanto as pessoas que trabalham para (ou com) a Tiê são felizes em fazer parte da empresa. Tanto é que todas as colaboradoras, hoje, vieram a trabalhar lá por desejo próprio devido a afinidade pessoal com a fundadora e com o propósito da empresa. Sem dúvida, todas se sentem parte do negócio, além de cuidadas e acolhidas.

A formalização de processos e “ritos” nesse sentido foi um dos pontos de melhoria abordados no workshop e definidos como meta. Essa é uma ação para não só gerar mais engajamento, como para colocar a empresa em um novo patamar de maturidade com relação à gestão.

Assim, encontros recorrentes, por exemplo, podem ajudar não só no reconhecimento e atendimento das necessidades das colaboradoras, como funcionam para momentos de discussão estratégica e até de compartilhamento de conhecimento, entre si ou a partir de fontes externas.

Com relação à remuneração, existia um acordo verbal sobre transparência, um pedido que partiu das próprias colaboradoras. Um passo adiante, já dado, inclusive, é a formalização desse acordo, transformando-o em uma política, garantindo e assumindo um compromisso com a justiça e a igualdade (ODS 16). 

Por fim, ainda que possuindo um quadro de colaboradoras formado inteiramente por mulheres, de certo uma contribuição com a igualdade de gênero (ODS 5), existe espaço para, no futuro, com a necessidade de se aumentar o quadro, considerar a inclusão de pessoas negras (homens ou mulheres) ou trans no quadro, trazendo mais diversidade à equipe.

Governança

O Instituto Tiê é uma empresa com clara noção do seu impacto e relevância para a sociedade. Tendo surgido para resolver uma lacuna existente em nosso processo educacional relacionada à falta de ensinamentos básicos sobre a convivência, principalmente levando em consideração o mundo plural no qual vivemos, a empresa hoje mostra ter dado importantes passos em relação à maturidade organizacional.

Assim, solidifica-se um compromisso com a tomada de medidas ousadas e transformadoras que são urgentemente necessárias para direcionar o mundo para um caminho sustentável e resiliente. O entendimento geral é de que o Instituto Tiê e suas colaboradoras são parte de uma transformação maior.

Após nossos encontros e em sintonia com o que já foi dito aqui anteriormente, fica evidente que um desses passos é a formalização de políticas e processos, deixando claro e público o compromisso da empresa com as pessoas e o meio ambiente.

Essa caminhada já se iniciou com a realização de um workshop colaborativo realizado por uma consultoria externa com o objetivo de definir a visão, os valores e o propósito da empresa para os próximos anos, alinhando-os com os ODS. O resultado será publicado no site da empresa em breve.

Planeta

Sem uma sede fixa, com uma equipe pequena e sendo uma empresa de serviços, os impactos sobre o planeta são poucos.

A se considerar, dois pontos principais:

Com relação ao primeiro ponto, o momento atual (a pandemia do coronavirus) já obrigou uma mudança no sentido de que os encontros estão ocorrendo, por ora, de modo online, algo que pode ser replicado no futuro, quando a realidade for outra.

Em relação ao segundo, foi assumido um compromisso para que as apostilas sejam todas digitais a partir de agora, evitando impressões desnecessárias, um benefício para o planeta e para a empresa (ou cliente) que não terá esse custo. Considerando os materiais do CCA mais os dos cursos oferecidos para empresas, o montante de CO2 que pode deixar de ser emitido graças a economia de papel pode chegar a 1,8 toneladas / ano. Essa é estimativa realizada a partir da Environmental PaperNetwork PaperCalculatorVersion 4.0. Para mais informações, visite o site e conheça mais sobre a metodologia.

Existem ainda outros pontos que podem ser de rápida ação como a migração dos serviços de hospedagem da empresa para “servidores verdes”, aqueles que fazem uso de energias renováveis (ex: painéis solares) e/ou investem em ações para compensação das emissões de CO2


Os próximos passos para o Instituto Tiê

Superou as expectativas. Foi uma energia de ativação muito potente!

Carolina nalon, fundadora do Instituto Tiê

Como eu disse lá no início, é um grande prazer fazer parte desse processo junto ao Instituto Tiê e toda a equipe. De fato, em todos os encontros que tivemos até aqui foi possível sentir uma energia incrível, energia de quem quer fazer diferente e fazer também a diferença, não só transformar a própria organização, mas servir de exemplo para que outros possam seguir na mesma direção. Aqui, seguimos acompanhando e dando suporte a essa jornada ao longo do caminho para a sustentabilidade autêntica.

metas definidas pelo instituto tiê
Metas definidas pelo Instituto Tiê a partir do workshop realizado. Clique para ver ampliado.

E, claro, caso você tenha interesse em saber mais sobre como esse processo poderia ocorrer dentro da sua própria empresa, não hesite, entre em contato.

Até breve!

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