Qual é a primeira coisa que vem à sua mente quando você vê ou ouve a palavra “sustentabilidade”? A resposta mais tradicional seria algo como “atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações também satisfazerem suas necessidades”. Consideram-se aí, principalmente, os limites ambientais. Em nossos workshops, surgem algumas respostas mais específicas já pensando na sustentabilidade das organizações a partir de uma visão mais complexa. Assim, tivemos coisas como “produzir resultados coletivos que superem ou, no mínimo, igualem-se aos resultados privados almejados pela instituição” ou mesmo “diminuir desigualdades, fomentar uma economia inclusiva e ser ambientalmente responsável”. São respostas evidentemente diferentes entre si, mas que de modo algum estão erradas. A questão é que esse é um tema complexo e dificilmente uma resposta vai conseguir tratar dele em toda sua dimensão. Ou melhor, dimensões, as Dimensões da Sustentabilidade, tema deste texto.
No momento de criação do 4D Canvas e toda metodologia, alguns princípios foram norteadores. Entre eles, a simplicidade. Queríamos simplificar a sustentabilidade o suficiente para que fosse acessível por todos e todas, sem perder profundidade e amplitude.
Definindo as Dimensões da Sustentabilidade
Sabendo da complexidade do tema, o que pode sobrecarregar e levar à falta de ação, queríamos ajudar a colocar as peças no lugar e, principalmente, em movimento. Daí, como o próprio nome diz, surgiram as 4 dimensões que usamos para analisar os impactos de uma empresa: Comunidade, Colaboradores, Planeta e Governança.
Algo que precisa ficar claro: essa não é a única maneira de olhar para a sustentabilidade ou a mais correta. Baseando-nos em outras ferramentas disponíveis, é o modo como decidimos fazer isso. Abaixo, detalho um pouco cada uma dessas dimensões e o que entendemos a partir de cada uma delas.
Comunidade
“Crie uma sociedade saudável e justa ao longo da cadeia de valor, incluindo fornecedores, parceiros, clientes e comunidades locais. Não deixe ninguém para trás.”
A ideia aqui é olhar mais atentamente para as relações da organização com a comunidade onde ela está inserida , entendendo suas características e necessidades. Incluem-se aí, por exemplo, fornecedores, clientes e outras organizações parceiras.
Se você já teve oportunidade de baixar nosso Canvas, deve ter visto que para cada uma dessas dimensões da sustentabilidade, nós trazemos perguntas para guiar a discussão e a análise. Neste caso, temos coisas como:
- Como a empresa poderia envolver as comunidades locais e marginalizadas como fornecedoras na cadeia de abastecimento?
- Como a empresa gera empregos considerando a população do entorno?
- Grupos sub-representados (pessoas negras; pessoas com deficiência; pessoas de nível socioeconômico mais baixo; LGBTQIA +; pessoas de religião não dominante; e aposentados) podem usar os produtos ou serviços? Se não, como eles poderiam se tornar seus clientes?
- Como a empresa garante a transparência em sua cadeia de suprimentos?
Pessoas
“Empodere sua equipe e obtenha um alto desempenho por meio de um ambiente de trabalho inclusivo, inspirador e diversificado.”
A atenção aqui é para as pessoas dentro da organização. A ideia é entender como a empresa cuida da sua força de trabalho, considerando desde a saúde física e mental até as oportunidades de desenvolvimento disponíveis por meio de treinamentos e acesso à educação. Além disso, quais são as políticas e práticas que propiciam a igualdade de gênero e a diversidade do quadro.
Deste modo, em nosso Canvas questionamos, entre outras coisas:
- Como a gestão cuida do bem-estar de todas as pessoas da empresa?
- Que tipo de oportunidades contínuas de formação / treinamento poderiam ser oferecidas?
- Como a empresa poderia promover a inclusão geracional entre colaboradores(as) atuais e novos contratados(as)?
- Qual é a diversidade da empresa (considerando gênero, sexo, identidade de gênero, deficiência, idade, orientação sexual, religião, raça, cor, origem étnica ou nacional, nacionalidade)?
Planeta
“Opere dentro dos limites planetários.Reduza e mitigue o impacto ambiental negativo e contribua para a regeneração de terras,biosfera e espécies animais.”
Aqui a relação mais óbvia e direta com o termos sustentabilidade, sem dúvida. O olhar é sobre os limites ambientais, desde a mensuração e estabelecimento de metas de redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE), passando pela gestão dos resíduos da organização, até a educação de colaboradores(as) e fornecedores(as).
No Canvas, portanto, temos questões como:
- Como a empresa mede e reduz a pegada de GEE dos(as) colaboradores(as) / operações / instalações (se for uma prestadora de serviços, considere as emissões de escopo 3, como viagens, serviços financeiros, compra de bens e serviços)? É possível um compromisso para zerar as emissões?
- Se aplicável, o que acontece com os produtos que a empresa produz ou usa ao fim da vida útil deles? É possível reaproveitar ou reciclar?
- Quanto resíduo a empresa produz e como seria possível reduzir ou eliminar? (pense em resíduos sólidos, resíduos de alimentos e resíduos eletrônicos)
Governança
“Crie estruturas e processos que permitirão a criação de impacto real, operações transparentes e uma liderança autêntica.”
É um palpite, mas suponho que dentre as dimensões da sustentabilidade, este seja o tema mais distante da realidade da maioria das pessoas, pelo menos aquelas que não têm um envolvimento direto com o tema.
Quando falamos em governança, estamos querendo saber como a organização faz o que faz. Quais são as estruturas, práticas e processos que tornam a operação transparente e em linha com princípios sustentáveis. A governança é, no final das contas, o que vai tornar a sustentabilidade responsabilidade de todos, não de uma pessoa ou departamento, e introjetar o tema no DNA da organização.
No “Guia Prático Como Iniciar Sua Jornada de Impacto”, desenvolvido pelo Sistema B Brasil, temos a seguinte definição:
É o sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, gestores, colaboradores e demais partes envolvidas, como clientes, fornecedores e comunidade. São seus pilares a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa.
Por isso, no Canvas direcionamos a discussão a partir de perguntas como:
- Como a declaração de missão e visão da empresa transmite um futuro sustentável com base na criação de valor compartilhado?
- Como a organização garante transparência de desempenho financeiro e operacional aos colaboradores?
- Como incentivar a implementação bem-sucedida de medidas de sustentabilidade entre a equipe? (por exemplo, comissão, aumento de salário, feriados extras etc.)
Como disse no início do texto. Essa não é a única maneira de enxergar a sustentabilidade, nem mesmo a mais correta. Existem outras perspectivas tão válidas quanto. Por exemplo, o próprio “triple bottom line”, ou tripé da sustentabilidade, ou mesmo o tão falado ESG (de “Environment”, “Society” e “Governance”, ou Meio-ambiente, Sociedade e Governança). O que apresentei acima é a maneira como nós levamos o tema para ser debatido e analisado dentro das organizações, principalmente pequenas e médias-empresas. Com isso, acreditamos conseguir trazer uma visão que, ao mesmo tempo em que permite enxergar as partes, ajuda na compreensão do todo. Nesse sentido, aliás, outro dos nossos princípios norteadores, a colaboração, tem papel fundamental ao propor o cruzamento de diferentes pontos de vista e conhecimentos. Mas esse é um assunto para outro texto!
E aí na sua empresa, como a sustentabilidade é enxergada? Se você ainda não o fez, baixe agora o 4D Canvas e explore o impacto da sua organização a partir das 4 dimensões da sustentabilidade propostas. Não esquece de falar para a gente como foi e, se precisar de ajuda, confira nosso curso online!
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